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Projeto Coral conecta modelos de diferentes domínios da produção offshore para apoiar
decisões mais precisas e sustentáveis.
O Grupo de Pesquisa em Simulação e Gerenciamento de Reservatórios (UNISIM), do
Centro de Estudos de Energia e Petróleo (CEPETRO) da Unicamp, desenvolveu, com
financiamento da Petrobras, um software que conecta simuladores de diferentes
domínios da produção — do reservatório à plataforma. A tecnologia, desenvolvida em
linguagens de programação Lua e Python, foi concebida para ser flexível e escalável,
facilitando a integração com diferentes sistemas e permitindo o uso de metodologias já
consolidadas pela indústria. A ferramenta permite analisar, de forma unificada, como
mudanças operacionais ou de projeto afetam produção, custos e emissões de gases de
efeito estufa.
Coordenador do UNISIM e do projeto, o professor Denis José Schiozer, da Faculdade de
Engenharia Mecânica da Unicamp, destaca que a iniciativa resulta de mais de duas
décadas de trabalho para consolidar a cultura de integração na tomada de decisão da
Petrobras. “As escolhas relacionadas ao desenvolvimento de campos e operações
offshore envolvem áreas técnicas que, em geral, trabalham isoladas. Nosso objetivo foi
oferecer uma visão única, que considere, simultaneamente, fatores técnicos, econômicos
e ambientais, favorecendo decisões mais eficientes e sustentáveis”, afirma.
Batizado de Coral, o projeto tem no UNISIM a autoria da parte mais estratégica do
sistema: o núcleo numérico, que é capaz de lidar com dados complexos — como
mudanças na composição dos fluidos ao longo do tempo —, superar limitações comuns
em integrações, como falhas de comunicação entre sistemas e gargalos em cenários de
alta produtividade, além de permitir o reaproveitamento de dados já disponíveis,
otimizando tempo e aumentando a precisão das simulações. Com isso, torna-se possível
criar e testar novas estratégias de gerenciamento de poços e de desenvolvimento de
campos de forma mais ágil e confiável.
O software, que já possui registro de propriedade intelectual, é de uso exclusivo da
Petrobras e atende a demandas específicas da empresa. A tecnologia foi reconhecida
com o Prêmio Inventores, da Inova Unicamp, na categoria “Propriedade Intelectual
Licenciada”. Segundo o responsável técnico João Carlos von Hohendorff Filho, o Coral

acopla simuladores que antes funcionavam isoladamente, criando um ambiente único de
análise.
“Dessa forma, é possível avaliar, por exemplo, como alterações no número de poços, no
arranjo de dutos ou no tamanho da plataforma impactam tanto a produção quanto as
emissões de CO₂, e até simular cenários econômicos. Isso abre espaço para otimizar
processos e desenvolver estratégias de redução de emissões já na fase de projeto”,
explica João.
O investimento da Petrobras nesta etapa do projeto do UNISIM, iniciada em 2021, foi de
cerca de R$ 10 milhões, com execução finalizada em 2025 e possibilidade de renovação
por mais cinco anos. Nas próximas fases, há a perspectiva de incorporar resultados de
pesquisas de outros grupos do CEPETRO — como estudos experimentais sobre deposição
de parafina ou formação de espuma em dutos — ao ambiente de simulação do Coral.
Enquanto os estudos laboratoriais identificam como e em que condições esses
fenômenos ocorrem, a integração no software permitirá prever, de forma virtual,
quando e onde eles podem surgir em um campo e qual será seu impacto na produção ao
longo de décadas.
Nos dias 21 e 22 de agosto, o CEPETRO receberá pesquisadores do Instituto Cesar —
parceiro responsável pela interface gráfica do software — para reuniões técnicas e um
workshop aberto à comunidade acadêmica. No encontro, as equipes irão alinhar as
próximas etapas do desenvolvimento da interface gráfica e de outras funcionalidades do
Coral, e o Instituto Cesar apresentará outras inovações, fortalecendo as perspectivas de
colaboração com a Unicamp.

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