Iniciativa integra um conjunto de ações inéditas para fortalecer a cultura
empreendedora em dois centros de pesquisa da Unicamp.
Entre maio e julho de 2025, o hall de entrada do Centro de Estudos de Energia e
Petróleo (CEPETRO), na Unicamp, foi palco de conversas rápidas, acessíveis e
provocativas sobre empreendedorismo. Batizadas de Café com Inovação, essas
reuniões envolveram cerca de 100 participantes e buscaram estimular pesquisadores a
explorarem o potencial de mercado de suas pesquisas. A ação foi idealizada por
Gabriela Byzynski, vinculada ao CEPETRO, e Anna Carolina Martins, pesquisadora do
Centro de Inovação em Produção de Energia (EPIC).
Mas o Café com Inovação é apenas uma das frentes de um trabalho mais amplo.
Gabriela e Anna foram contratadas não para desenvolver pesquisas acadêmicas em
química ou economia, suas áreas de formação, mas sim para atuar em projetos
voltados à gestão, inovação e transferência de tecnologia. Sua missão: incentivar e
estruturar uma cultura empreendedora dentro dos centros.
“Na Unicamp, temos a Inova, que é excelente, mas depende da iniciativa dos
pesquisadores para procurar apoio”, afirma Gabriela. “Queríamos ir além: estar por
perto, provocar, identificar potenciais, dar o primeiro empurrão.” O Café com Inovação
nasceu desse espírito. Sem formalidades, com temas instigantes e falas curtas, o
evento buscou envolver inclusive quem nunca havia considerado transformar uma
pesquisa em produto.
Do interesse à ação – Antes de organizar os cafés, Gabriela e Anna aplicaram um
questionário para medir a propensão ao empreendedorismo entre os pesquisadores. O
resultado revelou algo importante: havia interesse, mas também insegurança e
desconhecimento sobre os caminhos possíveis. Foi aí que nasceu a proposta dos
encontros informais, com temas como “Qual a diferença entre invenção e inovação?”,
“Como proteger minha produção intelectual?” e “Minha pesquisa está pronta para ir
ao mercado?”.
A resposta foi positiva. “Já no final do ciclo, começamos a conversar com
pesquisadores interessados em montar suas próprias startups”, conta Anna.
Ações complementares – Além dos cafés, Gabriela e Anna organizaram workshops,
palestras com especialistas, ofereceram monitorias individuais e abriram espaço para
solicitações de análises de mercado. “Não são análises sofisticadas, mas ajudam o
pesquisador a entender se há demanda para a solução que ele está desenvolvendo”,
explica Anna.
No caso de Gabriela, seu trabalho no CEPETRO incluiu ainda o desenvolvimento de
indicadores mais eficazes para monitoramento da produção científica e tecnológica do
centro, com uso de tecnologias automatizadas para coleta de dados. Ela também
liderou o mapeamento de patentes e o levantamento de projetos com potencial de
transferência de tecnologia. “A ideia era gerar valor agregado para o CEPETRO,
visibilizar o impacto do que é produzido aqui.”
Construindo um ecossistema – A colaboração entre as duas pesquisadoras extrapola
os limites dos centros onde estão alocadas. “Não fazia sentido trabalhar separadas, se
o ecossistema é o mesmo”, conta Anna. Juntas, elas envolveram pesquisadores do
EPIC, do CEPETRO e até do CINE (Centro de Inovação em Novas Energias), criando um
ambiente propício à troca de experiências e à identificação de sinergias.
Encerrada a primeira fase do projeto, o próximo passo será analisar os retornos dos
participantes, por meio de formulários e conversas, e traçar os rumos do segundo
ciclo. Gabriela, agora alocada em um projeto de empreendedorismo em deep techs,
seguirá envolvida na iniciativa. Anna também já planeja novas estratégias. “Queremos
entender se o público está pronto para temas mais aprofundados ou se ainda é
necessário fortalecer as bases.”
O Café com Inovação continuará sendo o ponto de partida — uma porta de entrada
informal e acolhedora para pesquisadores que começam a vislumbrar novas formas de
impacto para seu trabalho. Afinal, como lembram Gabriela e Anna, toda inovação
começa com uma boa ideia — e, às vezes, com uma boa conversa.
